O labirinto...
de pedra que me cercam.
Já esqueci todos os homens que antes fui;
segui o caminho de insípidas paredes
que é o meu destino.
Rectas galerias que se curvam em círculos secretos
ao fim de muitos anos.
Para peitos gretados pela erosão dos dias.
Entre a poeira tenho decifrado
rastos que temo.
O ar tem-me trazido
nas mais côncavas tardes um bramido
ou o eco de um bramido desolado.
Sei que na sombra há Outro, cuja sorte
é fatigar as tãos longas saudades
que tecem e destecem este Hades,
ansiar meu sangue e devorar-me a morte.
Ambos nos procuramos.
Quem me dera
fosse este o dia último da espera.
José Luis Borges
in Elogio da Sombra, 1969
1 Comments:
Segundo o que os egipcíos acreditavam, a sombra fazia parte do corpo, sozinha não fazia sentido e corpo sem sombra era transparente.
Olá como tens passado?
Um abraço. Augusto
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