O OUTRO LADO DA MOEDA!!!

1.31.2006

Blogstício de Inverno

Decorreu no anterior 28 de Janeiro na Associação 25 de Abril com muitos camaradas Blogueiros, um jantar de convívio.
O Solstício e os Equinócios festas que celebram a Fraternidade humana e na antiguidade ritos religiosos e de passagem importantes, são desta maneira motivos de celebração, neste Blogstício de Inverno, evocado pelos antigos como celebrativo de Janus ou do mito da renovação, foi por isso mesmo mais um convívio que ficou marcado pela renovação em termos de novas modalidades de interacção.

No meu entender, vários factos marcaram este encontro:
O local, ao contrário de outros Blogueiros (e que justamente tem direito á sua opinião), acho a escolha acertada por vários motivos, o simbolismo do local que é a Associação 25 de Abril é um facto a destacar, quem não está bem com o tempo político em que vive ou seja num país que deve a essa revolução o facto de nos encontrarmos livremente, que pura e simplesmente mude de país e não vá, pois não está com certeza no espírito de uma Fraternidade mas sim de um convívio sem objectivos, o que não me parece ser o facto, depois o mesmo é central (dá acesso por várias formas a quem não quiser ir de carro, pode ir de metro, por exemplo) e por fim a sala permite como refere e bem o Fernando B. do Fraternidade outro á vontade, para além de que o Sr. Henrique Lima como anfitrião e chefe de mesa foi incansável, o que minimiza o problema do fumo, embora ache que quem critica o facto de se ter fumado também deveria dar o exemplo, indo fumar para a excelente sala conexa ao espaço.
Criaram-se novas formas de convívio para além desta há a destacar o encontro promovido por Blogueiros poetas que se realiza em Santarém e promovido entre outros pelo o Orca do Sete Mares, iniciativa importante pois cria plataformas de convívio importantes e alternativas, ao mesmo tempo complementares, fica a ideia para criar convívios semelhantes entre Blogueiros Políticos e Blogueiros de Humor, coisas que poderão nascer com a vontade dos convivas.
No convívio foi instituída uma nova forma de contacto, ou seja, mais ou menos depois do mesmo, cada Blogueiro poderá eventualmente ler um poema ou um conto ou falar de sua justiça sobre um tema, o que aconteceu comigo, que lancei a minha próxima iniciativa em termos de Blogs de que darei devido conhecimento, mais á frente num post, aqui neste Blog.
Foi também decidido criar uma comissão de Blogueiros com a Sandra Feliciano do Cobre & Canela (e outros Blogs que apresentou a ideia no anterior encontro) o Augusto Dias do Klepsidra (e outros Blogs como o Editorial que é muito bom) e eu próprio que irá apresentar propostas para levar por diante uma Associação de Blogueiros.
Na decorrência do jantar apareceram a Prof. Manuela Magno (a pessoa que eu apoiei primeiramente para as Presidênciais de 2006), com que fiquei agradavelmente surpreendido pois não a tinha convidado, nem sabia da sua ida, bem como do Prof. José Botelho Ribeiro (outro pré-candidato), ambos explicaram o processo, como também já tive oportunidade de referir, que foi tudo menos liso.
Por fim ficou marcado novo encontro, e que e ao contrário do que fiz na minha alocução do encontro, reservo o anúncio para a organização do mesmo.

1.19.2006

Presidenciais 2006 II

Apoio Mário Soares nas Presidenciais 2006, apesar das "Minhocas e Escaravelhos..." que o acompanham, e de este ter falhado em duas coisas essenciais, recordando-as, primeiro não se mostrou capaz de se anunciar sozinho a sua candidatura e depois esperar que o P.S. o apoiasse como seria lógico, mas fez o contrário, o que dá a ideia que concorda com a partidarização do cargo, errou e o P.S. também, para além disso e em segundo lugar, Mário Soares, hipotecou o consenso á esquerda (mesmo que este fosse tardio, ou seja, só na segunda volta) ao anunciar-se com uma boa parte das estruturas políticas de topo do P.S. presentes, rejeitando um apoio do Bloco de Esquerda, será que este não tinha força para avançar sozinho? Claro que tinha! Não o fez, por isso errou.


Mas apesar dos erros referidos apoio-o pelos seguintes motivos:

Mário Soares, é um Federalista Europeu convicto (embora algo mitigado em alguns aspectos), ao contrário do nacionalismo de esquerda defendido até á exaustão por Manuel Alegre, e que muitos julgam saudável, mas que para mim não passa de um egoísmo encapotado igual ao da direita ou da extrema-direita, a ideia de "Pátria" (como a de nação Portuguesa) trouxe-nos até aqui e não acredito que, ao cavarmos uma trincheira mais funda atrás desta sejamos capaz de evoluir para uma coisa melhor, distinguindo-o claramente estes dois por Mário Soares ter, e ao contrário do que muitos pretendem passar, ou até pensam, uma juventude de pensamento que o faz estar á frente de qualquer ideia mais cristalizadora de uma Social-Democracia já implementada (tenha esta experiência sido nórdica ou alemã), ideologia que como este diz "se renova com a experiência", aliás é o único candidato ideologicamente realmente ao centro, com a esquerda depois do hífen.


O grande "tribuno" é único a defender nesta campanha aquela trilogia de valores que me são tão caros:

A promoção da Igualdade formal, legal e ideológica não só como meta mas como acção e questão central do seu mandato.


A defesa da Liberdade, mesmo daqueles que, não gostam da palavra “Pátria”, de uma Liberdade de pensamento com futuro, olhando para os desafios sem teias de aranha nem balizas religiosas ou morais.

A capacidade de promover a Fraternidade, entre todos os campos da esquerda, sem atavismos de se declarar ser anti uma ou outra facção da esquerda (seja por ser partidária ou não), algo que será proveitoso para uma segunda volta, mas mais importante do que essa questão estratégica de reunir Fraternalmente esta federação de povos (que se julgam todos iguais, embora tendo diferenças regionais tão distintas) sob a égide de objectivos comuns dentro da Europa e da Península Ibérica, não se esquecendo dos outros povos linguísticos próximos noutros continentes.

Acerca de e-mails com pedidos de ajuda (nomeadamente pedidos de sangue)...

Acerca dos pedidos de sangue enviados por e-mail o Instituto Português de Sangue, respondeu assim a um e-mail dirigido a este por uma senhora a pedir esclarecimentos sobre a veracidade ou não do e-mail referido:

A Senhora é mais uma das pessoas de boa-fé que está a ser enganada por "gente" sem escrúpulos e que brincam com coisas muito sérias. Lançam na rede dos e-mails um pedido FALSO, feito ao jeito de "cortar-o-coração-do-menos-sensível", provavelmente para se deliciarem com a rápida "bola-de-neve" que um apelo destes origina e o envolvimento de tanta gente a querer acudir por natural solidariedade humana.

Todos os e-mails a pedir sangue são FALSOS; são produzidos e libertados em anonimato, dando referências FALSAS (por ex.: telemóveis com números não atribuídos ou inactivos, direcções que não existem, nomes falsos, doentes que nunca existiram, em hospitais que nunca os tiveram. etc.). E este, neste caso, não tem referências: nome? Família? Hospital? O número de telefone, ali indicado, está inactivo. Trata-se deste caso como?

UMA PRAGA...!!! UMA BRINCADEIRA DE MUITO MAU GOSTO...!!!

O Instituto Português do Sangue tem toda a responsabilidade de conseguir os componentes sanguíneos para os doentes e traumatizados, que daqueles precisam. E tem reservas de sangue para isso. E quando não, tem mecanismos de encontrar e alcançar esse sangue na Rede Nacional de Transfusão de Sangue. Não se pede sangue à toa por e-mail. Temos, felizmente, organização nacional bastante para suprirmos dificuldades momentâneas.

De resto o grupo de sangue B Rh-, nem é tão difícil, assim, de conseguir e um bébé só consome pequenas quantidades, de cada vez, de uma unidade de sangue dada por um dador, em função do seu próprio tamanho.

Desculpe a extensão deste texto e peço a V. Exa. que, dentro do que lhe for possível, contrarie e informe os incautos, que caem de bom coração nesta iniciativa.

Com os melhores cumprimentos,

José d'Almeida Gonçalves, Director
Instituto Português do Sangue

1.18.2006

Escutando o interior...

Certa manhã, um Mestre, convidou o seu aprendiz a dar um passeio no bosque.
Durante o passeio este deteve-se numa clareira e depois de um pequeno silêncio perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, estás a ouvir mais alguma coisa?
O Aprendiz apurou os ouvidos e alguns segundos depois respondeu:
- Estou a ouvir o barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse o Mestre, é uma carroça vazia...
Perguntou o Aprendiz ao Mestre:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu o Mestre, é muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho, quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

1.09.2006

Comentário

Uma amiga pediu-me, embora não fosse preciso pois já o tinha pensado fazer mal o li, para comentar este post: No meio da noite...

O que comentei apeteceu-me também partilhar convosco:

Quando lemos a "Alegoria da Caverna"...lembramo-nos do medo de sermos nós....de nos conforntar-mos com o nosso "eu" real...e apenas nos iluminar-mos com a "luz que brilha na obscuridade mais profunda"...pensamos que o caminho se faz caminhando...mas no fundo temos medo da Luz pois esta confronta-nos com o nosso outro "eu"...esse "eu" pode ser um "eu" querido e eceite ou não...o que Platão define como sombras são os nossos fantasmas que nos impedem de subirmos a escada e encarar-mos a nossa verdadeira realidade...mas há pessoas que sobem a escada desacompanhadas...e o medo revela-se aí e a personalidade que a Luz revela é dolorosa...ou então o mundo sob a Luz é cruel e injusto...e recusam o mundo ou recusam a sua personalidade e voltam para a caverna...ou para a sua entrada...e as sombras acompanham-nas...por isso é que existem "Fraternidades Iniciáticas"...as mesmas...ajudam a compreender porque nos libertamos das grilhetas da vida...porque enfrentamos as sombras e porque é que as sombras não são mais do que nós proprios...ensinam-nos a subir a escada...e por fim a encarar a Luz...ensinam-nos também a andarmos sobre a Luz...e a enfrentar o mundo e a nossa personalidade...sem nos queimar-mos...pois temos milhares de "Irmãos" que com as suas experiências nos acompanham...mas também nos ensinam a sermos humildes...e a nunca nos esquecermos disso...e o mais importante...a aprender-mos sempre...porque nós só sabemos que nada sabemos...a via que escolhemos...essa somos só nós que a trilhamos e os caminhos são os que optar-mos...mas no fundo...se a trilhar-mos em conjunto sabemos que só o amor...a fraternidade...a liberdade e a igualdade é que primeiramente nos libertam e depois é que nos devem conduzir...um beijo...

1.05.2006

BREVE RESUMO DA ÚLTIMA VERGONHA NACIONAL

"A intolerável subversão da democracia Portuguesa nas Presidenciais 2006"

Reflexão originalmente publicada neste Blog pela Sandra Feliciano

1 – Várias Juntas de Freguesia recusam e/ou atrasam a emissão/envio das certidões de eleitor necessárias à validação das listas de proponentes dos candidatos LUIS FILIPE GUERRA, MANUELA MAGNO E LUIS BOTELHO RIBEIRO, impedindo assim a sua entrega conjunta ao Tribunal Constitucional com as respectivas listas dentro dos prazos previstos na lei (salientam-se situações documentadas de certidões emitidas a 12 de Dezembro e só colocadas nos correios a 22 de Dezembro, véspera do último dia para entrega das mesmas);

2 – Um dos candidatos (LUIS FILIPE GUERRA) faz inclusivamente um esforço sobre-humano para ultrapassar o obstáculo constituído pelo incumprimento por parte das juntas de freguesia, tendo o cuidado de juntar em tempo útil, documentos alternativos comprovativos da situação de eleitor dos proponentes, através de download e impressão do website do STAPE - Secretariado Técnico para os Assuntos do Processo Eleitoral.

3 – O Tribunal Constitucional não aceita os documentos alternativos e informa os mandatários dos candidatos das irregularidades das suas candidaturas, via fax, cerca das 21:30 do dia 26 de Dezembro e do prazo previsto na lei para suprimirem essas irregularidades;

4 – Após mais um esforço sobre-humano de "colheita" das certidões atrasadas nas juntas de freguesia, dois dos candidatos – MANUELA MAGNO E LUIS FILIPE GUERRA – suprimem ambos as irregularidades apontadas às suas candidaturas, conforme descrito nos pontos seguintes;

5 – A candidata MANUELA MAGNO entrega pessoalmente a 28 de Dezembro, último dia previsto na lei para o fazer, as certidões em falta no Tribunal Constitucional, mas como estas se encontram fisicamente separadas das listas de declarações dos eleitores proponentes da candidatura, previamente entregues, o Tribunal Constitucional recusa-se a recebe-las sem que se proceda primeiro à união de cada certidão com a respectiva declaração do eleitor proponente, para o que cede uma sala para que a candidata, acompanhada de três apoiantes, o faça. Às 16:30 do dia 28 de Dezembro, o Tribunal Constitucional recolhe as certidões entretanto já unidas às respectivas declarações dos eleitores proponentes, ordena a MANUELA MAGNO que pare o processo de união dos documentos e recusa receber as restantes certidões ainda não anexadas às respectivas declarações, com base no argumento de fecho dos serviços de secretaria do Tribunal;

6 – O candidato LUIS FILIPE GUERRA opta pela compilação das certidões na sede da sua candidatura e, seguindo o exemplo prático já dado pelo Tribunal Constitucional aquando da notificação das irregularidades no seu processo, procede ao envio das certidões em falta via fax no dia 28;

7 – LUIS FILIPE GUERRA faz chegar ao Tribunal Constitucional, no dia 29 de Dezembro, os originais das certidões enviadas na véspera por fax;

8 – O Tribunal Constitucional recusa as certidões enviadas no dia 28 via fax e no dia 29 por mão própria pelo candidato LUIS FILIPE GUERRA, com base nos argumentos de que 1) as certidões enviadas via fax dentro do prazo legal não são documentos originais, mas telecópias; 2) não estavam anexadas às respectivas (e previamente entregues) listas dos eleitores a que diziam respeito; e 3) os originais só chegaram a dia 29 e portanto fora de prazo;

9 – Os três candidatos – LUIS FILIPE GUERRA, MANUELA MAGNO e LUIS BOTELHO RIBEIRO – apresentam todos a 30 de Dezembro, recurso da decisão de exclusão das suas candidaturas, os dois primeiros via fax às 15:54 e 15:56 respectivamente, e o terceiro por mão própria às 16:10;10 – O Tribunal Constitucional, de acordo com o previsto na lei, notifica todos os candidatos à presidência da república, através dos seus mandatários, dos recursos entregues por estes candidatos e dos prazos para se pronunciarem sobre os mesmos;

11 – LUIS BOTELHO RIBEIRO, MANUELA MAGNO E LUIS FILIPE GUERRA fazem chegar ao Tribunal Constitucional os seus pareceres de concordância e apoio solidário aos recursos dos outros candidatos;

12 – Dos restantes candidatos à presidência da república, apenas GARCIA PEREIRA tem a dignidade de fazer chegar ao Tribunal Constitucional o seu parecer, também de concordância e apoio solidário aos recursos interpostos pelos candidatos, tendo todos os outros optado por ignorar a situação, não se pronunciando nem contra nem a favor dos recursos apresentados (o que é, no mínimo, revelador da sua (falta de) cidadania e confesso que, pelo menos de um ou dois deles, não esperava de todo uma atitude destas!);

13 – O Tribunal Constitucional, após aceitar a entrega e analisar o conteúdo do recurso interposto pelo candidato LUIS BOTELHO RIBEIRO, recusa oficialmente o mesmo, com base no argumento de que este foi entregue 10 minutos após a hora de fecho da secretaria (sim, sim, a mesmíssima secretaria que cinco horas e meia depois de fechada, tem legitimidade para enviar notificações por fax aos candidatos - ver ponto 3);

14 – O Tribunal Constitucional aceita o recurso enviado por fax pela candidata MANUELA MAGNO (apesar de se tratar de uma telecópia e não de um documento original!) mas mantém a sua decisão de exclusão da candidata do processo eleitoral com base no argumento de que esta não reuniu proponentes em número suficiente – 7500 conforme previsto na lei. (Na realidade e contas feitas, da lista de 7750 proponentes inicialmente entregue pela candidata, caso o TC não tivesse recusado receber as certidões por anexar, MANUELA MAGNO tinha conseguido 7551 proponentes com certidão emitida e entregue, ficando os restantes 199 anulados por falta de certidão em virtude de estas não terem sido emitidas/enviadas pelas respectivas juntas de freguesia em tempo útil, mas que seria, ainda assim, número suficiente para legitimar a sua candidatura);

15 – O Tribunal Constitucional aceita também o recurso enviado por fax pelo candidato LUIS FILIPE GUERRA (apesar de também se tratar de uma telecópia e não de um documento original!) mas mantém também a sua decisão de exclusão deste candidato do processo eleitoral, com base no argumento de que este não reuniu proponentes em número suficiente, uma vez que as certidões em falta enviadas dentro do prazo não eram válidas por serem telecopias em vez de documentos originais e não estarem anexadas às listas de proponentes previamente entregues e os respectivos originais só terem chegado ao tribunal no dia seguinte e portanto fora do prazo legal.

Depois do atrás exposto, compete a cada um reflectir, tirar as suas próprias conclusões e decidir como agir no dia 22 de Janeiro. Mas vale sempre a pena divulgar, até porque que neste tipo de assunto, os media raramente tocam, pelo que se não formos nós, membros da sociedade civil a substituí-los nessa responsabilidade, a esmagadora maioria da população nem sequer chega a ter consciência destes "incidentes".

Sandra Feliciano

Nota: Este texto reflecte a minha análise pessoal efectuada com base na confrontação de informação recolhida dos websites abaixo indicados, nos quais podem obter informações mais detalhadas sobre todo este processo.

Website da candidatura de LUIS FILIPE GUERRA (com o documento de recurso para download): http://www.movimentohumanista.com/luisfilipe/

Blog da MANUELA MAGNO (com o documento de recurso para download e descrições pormenorizadas e permanentemente actualizadas sobre o desenrolar e estado desta situação): http://manuelamagno.blogspot.com/

Website da candidatura de MANUELA MAGNO: http://www.manuelamagno.com.pt/

Website da candidatura de LUIS BOTELHO RIBEIRO: http://www.botelhoribeiro.org/

Website do Tribunal Constitucional (link para o acórdão final contendo os textos totais ou parciais dos recursos interpostos, textos dos pareceres recebidos e fundamentação (?) da exclusão dos candidatos): http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/20060001.html

1.01.2006

Análises e Balanços I

Podemos ao fazer a análise o ano que agora findou, aproveitar para fazer uma análise e um balanço dos últimos cinco anos, ou dos primeiros cinco anos da primeira década deste segundo milénio do nosso calendário Cristão (e não judaico-cristão, como erroneamente ouço), é isso que pretendo fazer em dois posts, o primeiro é publicado agora de seguida, o segundo no decurso da próxima semana.

Balanço da primeira metade da primeira década deste segundo milénio.

O milénio começou com ameaças reais a nível global, ameaças que já vinham de trás, como a agudização das desigualdades sociais dentro e inter estados ou áreas culturais e continentais, o aquecimento global (provocando o consequente aumento das catástrofes naturais), o capitalismo global (que na sua ênfase mais selvagem, pensava que era o ultimo modelo económico vigente), o terrorismo á escala Global (menos ideológico e político e mais focalizado nas diferenças culturais e religiosas) e a agudização dos egoísmos nacionais e/ou nacionalistas (embora havendo um refreamento destes a nível estadual e crescido mais a nível social) o que levou a que a ideais de um só mundo ou uma só humanidade fossem aparentemente algo mais distante do que próximo. Ao longo destes primeiros cinco anos essas tensões, determinadas por factores geopolíticos á escala mundial que se verificaram na ultima década do século que tinha findado e que alteraram profundamente o mundo no qual haviam realidades distintas, inimigos conhecidos e campos geopolíticos, sociais e culturais claros, deram, não obstante do pessimismo e das ameaças já referidas, uma oportunidade a que a consciência de que vivemos num mundo mais global e interdependente, se afirmasse e ganha-se raízes, podemos para exemplificar referir "n" factores, apenas destacarei alguns, esquecendo-me como é óbvio de muitos outros.

Aparecimento e reforço das organizações Inter ou Supra estaduais:
A União Europeia, o alfa e o ómega, que deu origem ao aparecimento de outras organizações Inter ou Supra estaduais, a maioria criadas na última década do século anterior, embora antes já existissem outras organizações. Então qual seria a diferença entre as organizações criadas e apostadas em ter como exemplo a União Europeia e todas as outras que apareceram antes? Há pelo menos uma diferença que é fundamental, que são as perspectivas de evolução, ou seja, quando se criava uma organização inter ou supra estadual havia um ou vários objectivos que enformados num tratado balizavam a actuação dessa organização, a evolução nestes objectivos (quando existia) era normalmente para uma clarificação. Ao contrário as perspectivas de evolução do MERCOSUL, da (nova, mas refundada da O.U.A.) União Africana e os novos objectivos da ASEAN e o desenvolvimento do MCCA – Mercado Comum Centro-Americano (tem como órgão máximo a SIECA e vários tratados constitutivos) são claros exemplos que a União Europeia deu o mote, aos outros espaços apenas basta encontrarem o seu ritmo dentro de um modelo cada vez mais supra estadual e menos inter estadual.

Bandeira adoptada pela União Africana

A inevitável evolução Federalista da União Europeia:

Ao contrário de outros (alguns ainda revivalistas das ideias de pátria como algo egoísta e que se pode afirmar isoladamente ou pela conquista de espaços culturais) e que acham que o chumbo do tratado Europeu, foi um retrocesso á ideia da evolução Federalista da União Europeia, eu sempre defendi a ideia que o chamado “Tratado Constitucional Europeu” era um mal menor, pois embora podendo contribuir para um aprofundamento da consciência europeia tinha um principio que subvertia a ideia federalista da Europa, pois ia institucionalizar o inter estadualismo e não o supra estadualismo, ao arrepio do Futuro Federalista que faz o seu percurso independentemente dos que o não querem. Por esse motivo, e até estranhamente para alguns, venho agradecer aos anti federalistas o seu voto no referendo, pois com este viabilizaram o futuro federalista da União, embora seja cedo demais para apostar-mos que o mesmo está definitivamente enterrado. A marcha-atrás, que se poderia dar agora, como vimos neste momento que toda a gente diz que a Europa está em crise, não se deu, porque não é viável e nem sequer seria aceite pela esmagadora maioria dos cidadãos europeus. A União Europeia cresce ou alarga-se e começa, por esse motivo, a ver-se o final das suas fronteiras (estarão estabelecidas definitivamente e numa perspectiva conservadora na terceira década deste século), a leste com a Federação Russa e a Bielorussa, incluindo assim a Ucrânia e a Moldávia na U.E., a sudeste com a Turquia e provavelmente com o Líbano, a Autoridade Palestiniana e Israel (então ainda com problemas fronteiriços) dentro da U.E. (a única maneira de se resolver o conflito), a nordeste a incluir a Islândia e a norte a Noruega, no centro a Suiça, bem como, todos os estados Bálticos (incluindo a inevitabilidade de um Kosovo independente), por fim tanto a inclusão de Cabo Verde como a perca dos territórios e possessões ultramarinas franceses e ingleses constituem uma inevitabilidade mais a longo do que a médio prazo. O reforço de uma ideia de Europa como um supra estado, com instituições e funcionários que cada vez mais funcionam para a União e não para os seus estados de origem, e com competências mais alargadas em campos como a fiscalidade e a área de segurança pública e interna bem como militar (processos já em curso), criaram resistências mais de elites políticas do que da sociedade cívil, mas não são só estes campos que farão da U.E. uma organização sem escapatória para os países aderentes, o Galileo e o cada vez maior reforço da ESA (Agência Espacial Europeia) e a criação de projectos privados com integração á escala Europeia na área da defesa, aeronáuticos e espaciais, em termos industriais, de redes de transportes, da computação e novas tecnologias, da pesca e regadio, serão o nó gordio que será impossível, sequer cortar sem provocar uma crise enorme em termos económicos e sociais na Europa. A União Europeia ao continuar na senda evolutiva do alargamento e do seu caminho reformista, através da reforma dos tratados, e dos pequenos passos caminha para o inevitável reforço do Federalismo e da consciência da Cidadania Europeia e do seu cidadão que terá uma Moeda, um Hino e uma Bandeira como mito, não porque valerá a pena morrer (e aí concordo com Eduardo Lourenço) mas em que valerá a pena Viver, e isso é o suficiente, especialmente se for com condições e em Paz.


Altieri Spinelli, como deputado Europeu, um dos maiores ideólogos federalistas europeus.

O poder das O.N.G.´s e a sua contribuição para o reforço da interdependência entre humanos e a criação de uma consciência Global:
A União Europeia criou e potenciou dentro do seu espaço diversos Fora supra nacionais, estes constituídos dentro de Confederações ou Federações sempre foram e são a maneira como as diversas organizações da sociedade civil agem dentro da União Europeia, estes Fora conjuntamente com os Movimentos pioneiros pela Paz, Contra o Nuclear e pela defesa dos Direitos Humanos, geraram o reforço destas redes de sociedade civil, que encontraram na O.N.U. e no estatuto de membros observadores ou efectivos das diversas Organizações especializadas da mesma organização, como a O.I.T., a UNESCO, a O.M.S. ou a ACNUR/UNHCR potenciando assim plataformas de diálogo nunca vistas. Os Fóruns Económicos e Sociais Mundiais e o encarar das grandes cimeiras da O.M.C., Ambientais Globais, do G 8 e de outras como da Organização dos Estados Americanos (para a criação da A.L.C.A.), ou de algumas da União Europeia, criaram a consciência de que movimentos económicos (Fórum Mundial de Davos ou a Comissão Trilateral) mas mais sociais são elementos de pressão que não podem nem ser ignorados nem esquecidos e são o primeiro passo para que a consciência global seja uma realidade e não uma mera ilusão. Movimentos transversais, formadas pelas O.N.G.´s sociais, como a Marcha das Mulheres, os diálogos e encontros entre os Movimentos Campestres e Indígenas e contra a Privatização da Água, a criação de uma rede Mundial de Organizações Ecologistas e outra de defesa dos direitos Sexuais, de Software Livre ou contra as Patentes Biológicas e pela Agricultura Biológica (estas todas criadas ao abrigo do Fórum Social Mundial), a Campanha Jubileu 2000 (que com o apoio das organizações pioneiras já referidas, como os movimentos pela Paz e pelos Direitos Humanos, defende o perdoar das dividas aos países mais pobres) e a sua meia vitória conseguida, este ano, através do Live 8, levam-me sem sombra de duvida a afirmar, que os actores globais estão a desenvolver-se e a institucionalizar-se de uma forma cada vez mais inteligente e efectiva, com resultados claros e objectivos ambiciosos de que, a cada vez maior resistência á A.L.C.A., e a sua consequente transformação numa Associação/Área Livre Social e/ou Política das Américas, é um exemplo.

Reforço da consciência Global a nível da sociedade civil:

Quando falamos de O.N.G.´s podemos não falar de sociedade civil, acho que sim, pois só uma pequena minoria de cidadãos as integra, é obvio que isso á escala do planeta será uma imensa minoria, mas os cidadãos que são afectados por estes activismos e os fenómenos que estes provocam, que de forma passiva são tocados pelas ideias e ideais destas O.N.G.´s são cada vez mais abrangentes, ao ponto de pensarmos que esta foi a porta que despertou a consciência Global e a levou a níveis que á vinte anos poderíamos considerar míticos. E como podemos mensurar esses factos, talvez através de vários momentos, como o Live 8 ou as campanhas massivas de sociedade civil tanto de apoio político e social, por exemplo, contra os atentados de 11 de Setembro, ou ao forçar a ONU a intervir em Timor Leste e no Sudão, o acompanhamento e financiamento de processos eleitorais em dezenas de países ou a solidariedade civil maciça em relação ás diversas catástrofes como os Terramotos, os Furacões e o Tsunami, que se demonstrou não só a nível institucional mas a nível financeiro, com dezenas Biliões de Euros canalizados de particulares para a reconstrução e o desenvolvimento das zonas afectadas e com centenas de O.N.G.´s em campo, com milhares de cidadãos dos chamados países desenvolvidos a contribuir para a ajuda á resolução desses problemas e cada vez mais cidadãos de zonas menos desenvolvidas a o fazerem, de forma directa e não só indirecta (como a ajuda ao desenvolvimento dadas directamente pelos seus países), isto em si é um dos maiores exemplos do reforço da consciência global que se verificou nos últimos anos.

O planeta Multipolar:
Os Estados Unidos da América e os seus aliados ideológicos da superioridade dos valores anglo-saxónicos protestantes e ocidentais sobre todos os outros, bem pretendem combater esta ideia, mas a Super potência, como eu já vinha afirmar á algum tempo, mostra pés de barro, que serão, senão corrigidas o seu grande problema futuro, oxalá para as suas populações que os resolva. Casos como a manutenção de um conflito permanente e de média intensidade em dois cenários de guerra (Iraque e Afeganistão), de catástrofes naturais constantes para o qual esta não tem a reacção suficiente rápida que se lhe exige, bem como o atropelo ás liberdades cívis e políticas, que se num país como Cuba é normal, mas que nos E.U.A. tal não será, levam a que a Super potência seja secundarizada e que o respeito por esta esteja a ser perdido e a demonstrar que esta ideia é apenas um produto também vendido conjuntamente com a sua musica e os seus filmes. Mas antes disso, haviam claramente três zonas de influência, que eram para além dos E.U.A., a União Europeia e o Japão, embora muitos pró estado-unidenses as quisessem secundarizar, é óbvio que o poderio económico e tecnológico das duas, bem como social e politico (se bem que menos organizado em alguns aspectos ao ponto de se demonstrar com algumas fragilidades em alguns campos) da União Europeia não era de todo negligenciável. Mas a multipolaridade, mantinha-se pois a Rússia iria recuperar progressivamente (como está a ocorrer), e esta também tem a sua área de influência, que embora mais reduzida se mostra mais controlável com os parcos recursos que detêm. O caso do Brasil, que sendo o país impulsionador do Mercosul e da Africa do Sul que é o país charneira de África através do NEPAD (Parceria Económica de Desenvolvimento Africana) e da União Africana que pretende com o NEPAD formar no futuro, a médio prazo, uma especie de União Europeia de África. Da Índia e da China gigantes tecnológicos e económicos com mercados internos para apoiarem o seu crescimento e no caso desta ultima já com uma zona de influência geopolítica relevante. Eram casos, que, faziam perver que o planeta teria uma multipolaridade de actores, que não iam como se vê cada vez mais render-se aos ditames de uma Super potência aparente. Contamos por isso com pelo menos sete potências económicas (E.U.A., U.E., Japão, China, Índia, Brasil/Mercosul e por fim a Rússia), três claramente também militares (E.U.A., China e Rússia), seis tecnológicas (todas as referidas menos a Rússia) e oito políticas (todas as já referidas mais a Africa do Sul), podendo nesta ultima categoria (bem como e porque não na militar) a médio prazo incluir o Irão que pretende ser e acho que tem potencial para o ambicionar, isto na área de influência Xiita do Islão e países onde os Xiitas embora minorias são quem compõe as classes governantes (como a Síria, o Iraque, e muitos países árabes da Península Arábica e da Ásia Meridional).

Cimeira do G8 na Escócia com os actuais lideres de todos os países e blocos económicos que referi.

A O.N.U. e a criação de pontes de diálogo global:


A O.N.U. é único espaço onde os actores referidos anteriormente poderão alcançar pontes de diálogo, embora nestes últimos cinco anos diversos países, tenham tentado secundarizar o papel da O.N.U., para além do bem conhecido caso dos E.U.A., até países com outros interesses difusos, se sentiram apoiados para também não darem a importância devida a esta Organização, como são exemplos a Birmânia, o Irão ou a Coreia do Norte, mas também Cuba (a coqueluche dos intelectuais da esquerda europeia), essa deve ser a única coisa que tanto Fidel Castro como George W. Bush devem concordar. E porque é que esta organização seria dispensável? Porque contraria geopoliticamente a ideia ilusória de Marketing que cada vez vende menos, de que os E.U.A. são a unica Super potência existente, mas claro que o trabalho relevante que esta organização presta seja através das suas Organizações especializadas seja através do poder mediador ou dinamizador na resolução de conflitos ou condenatório na existência dos mesmos e de denuncia de tratamentos abusivos e contra os Direitos Humanos, que "todos dizem respeitar", é uma pedra no sapato para quem como as elites governantes destes países, atrás referidos inclusivé os E.U.A., demonstra grandes telhados de vidro. Mas as organizações especializadas da O.N.U. assumiram papeis preponderantes em diversos campos que já fogem á tradicional assistência a refugiados ou a catástrofes e a "casus beli", de que, por exemplo, a coordenação global contra a expansão de viroses letais como o Ébola, a Febre Hemorrágica e a Gripe das Aves pela O.M.S. é um exemplo claro, através destas acções e do seu reforço e poder de influência, que cresceu surpreendentemente graças a Kofi Annan (o primeiro Secretário-Geral que sempre foi só funcionário da Organização) e que através de iniciativas globais criando diversos Fora temáticos, em relação ao Ambiente, SIDA, Direitos Humanos e Terrorismo serviram para a O.N.U. se estabelecer como a criadora de pontes entre as potencias já referidas das diferentes áreas económicas, políticas e militares, os terceiros estados e destes todos e a sociedade civil das O.N.G.´s a nível planetário.

Foi há 20 anos que nos abriram o futuro...


Foi há vinte anos que nos abriram a porta do futuro, e desde então este é mais presente, quanto ao passado, foi nesse dia que cortamos decididamente com este.

Mário Soares, foi quem teve a visão de futuro, a este se deve contra tudo e todos (incluindo a ópinião do Professor Cavaco Silva) a adesão, por este bater á porta, devemos o facto de termos entrado, a este o meu obrigado.

A Igreja dá razão ao P.N.R.!!!

A Igreja dá razão ao P.N.R.!!!

Não obstante do titulo ser abusivo fica registado a consonancia de opiniões, de facto tanto a Extrema-Direita como a Igreja Católica Romana tem muitas opiniões comuns, este é só um exemplo relevado pelos próprios.