O OUTRO LADO DA MOEDA!!!

9.04.2006

Sobre a ultima Guerra no Líbano III

O Líbano e a inexistente unidade nacional contra Israel

Essa foi a ideia que nos últimos tempos pretenderam passar na comunicação social, que havia uma unidade nacional contra Israel, nada poderia ser mais mítico do que esse pensamento.

Os membros do Movimento/Partido Hizbollah, do Partido Amal ambos Partidos Xiias Duodecimanicos embora rivais têm em comum o ódio a Israel mas os segundos culpam os primeiros de fazer sofrer a população Xiia com os seus constantes ataques. Os Palestinianos refugiados no Líbano que vivem Campos dos Refugiados e são cerca de 200.000 também odeiam Israel por razões óbvias.

Os Drusos ou Partidários de Ali Deus (Ali-´iláhi) que quer dizer fieis a Darazi que era partidário de Al-Hákim ou do “Homem Deus”, são uma minoria que tem milhares de adeptos no Irão, Iraque, Síria, Palestina, Israel e Líbano, sendo que neste ultimo país que são uma forte minoria (8% da população). Organizam-se em torno de uma sociedade secreta, com iniciação estrita aos membros do clã familiar, são considerados infiéis por algumas vias do islamismo o que os levou a isolarem-se e especializarem-se na arte da guerra, sendo bastante combativos. Põem-se um bocado à parte no referente ás guerras internas dos Xiias e Sunnis, bem como do mundo Islâmico, sendo muitas vezes aliados dos inimigos destes últimos, pois a quase totalidade das vias Islâmicas os persegue. Estes dividiam-se entre as Milícias do Partido Socialista Progressista (P.S.P.) e da Milícia Drusa do sul do Líbano, muitos homens e famílias inteiras tiveram que sair do Líbano para o norte de Israel quando esta retirou, pois os membros desta ultima milícia também pertenciam ás forças do Exercito do Sul Líbano (E.L.S.). Os Milicianos do Partido Socialista Progressista têm origem maioritária proveniente dos Xiias não Duodecimanicos (existem mais duas seitas islâmicas não Drusas no Líbano), cristãos nomeadamente protestantes e eram compostos esmagadoramente pelos Drusos de Beirute e do centro e norte do Líbano (os do Sul tinham a Milícia Drusa), o P.S.P., tinha e têm uma forte componente laicista e eram generalistamente comunistas nacionalistas apoiados pela então União Soviética via Síria. Sendo nacionalistas de Esquerda na sua grande maioria eram apoiados pela União Soviética em contraposição ao Hizbollah (Iraniano e então não alinhado com nenhum dos campos da Guerra fria), o Partido Amal (pró Sírio mas algo fundamentalista) e os Cristãos (pró americanos e apoiados pelo Vaticano e outros países europeus) sendo financiados por esta. Os Milicianos do P.S.P. estiveram numa primeira fase da Guerra Civil Libanesa com a O.L.P., entre 1976 e 1985 (sendo os principais impulsionadores do Movimento Nacional Libanês, depois desse ano e mais claramente depois da Invasão Israelita e em todas as Guerras dos Campos estiveram contra a O.L.P. e foram contra os Xiias do Hizbollah e os Milicianos da Al-Morabitun, em 1983 tomaram conta do Monte do Líbano e o Distrito de Chouf áreas estratégicas da Capital Beirute, obtendo por esse controlo recursos (portagens e impostos) sendo a partir daí menos controlados pela União Soviética, eram comparativamente poucos mas no entanto temíveis guerreiros, como só os Drusos podiam ser. Com a restauração da paz em 1989 o P.S.P. desmilitarizou-se e entrou na política Libanesa o seu líder Wallit Jumblatt (filho de Kamal o primeiro líder histórico do partido assassinado em 1977 pelos Cristãos apoiados pelos americanos) participou em inúmeros governos, passando depois para a oposição. Numa primeira fase enquanto governo, o P.S.P., não se opunha á militarização do Hizbollah e á presença Síria, quando viu que nem os Sírios iriam sair como prometeram nem o Hizbollah iria parar os ataques aos Drusos do Sul do Líbano e que este podia tomar conta do Governo pela força, foi um dos principais opositores á presença Síria no país e um dos mais férreos apoiantes da desmilitarização do Hizbollah, a partir dessa altura os Drusos passaram a ser parte essencial do exercito regular Libanês.

O E.S.L., era formado maioritariamente por Cristãos estes tanto no sul como no centro e norte do Líbano são fortes opositores aos Xiias e aos Sunnis, cerca de 220.000 saíram a quando da retirada de Israel do sul do Líbano e formaram conjuntamente com os Drusos aldeias e povoados no norte de Israel, que estiveram na linha da frente dos bombardeamentos do Hizbollah, sendo que a maioria das vitimas são provenientes destas aldeias e não de Haifa como nos tentaram passar as incompletas noticias, ou seja o Hizbollah vinga-se dos próprios antigos colaboradores de Israel e antigos cidadãos do Líbano. Os cristãos que são cerca de 36% do total da população estão divididos entre uma maioria Católica Maronita (cerca de 25% da população do Líbano) que responde á Igreja Apostólica Romana sendo que os seus Cardeais Patriarcas pertencem ao conclave cardinalício (inclusive o electivo), uma minoria de 10% de Católicos Ortodoxos Gregos e outra residual (0,5%) de Protestantes nomeadamente Anglicanos e Calvinistas. Foram os cristãos nacionalistas e conservadores de direita e a sua oposição á tentativa que a O.L.P. tinha de se estabelecer com as suas bases no Líbano para atacar Israel que começaram a Guerra Civil em 1976 contra uma aliança dos Drusos, Islâmicos e Milicianos do Partido Socialista Progressista que estavam com a O.L.P., aliança essa que, como já vimos, entretanto foi quebrada com a Invasão de Israel e com o apoio da Síria primeiro aos Cristãos contra a O.L.P. levando o Partido Amal e os Milicianos do P.S.P. contra a O.L.P.. Quando houve a saída do Sul de Líbano por Israel a maioria das aldeias Cristãs do Sul do Líbano foram arrasadas e assistiram-se a massacres de mulheres e crianças só por serem Cristãos (onde estava então a indignação desta Esquerda!!!), mesmo depois do seu, agora tão aclamado líder, dizer que não sofreriam represálias (que raio cinismo!!!), a tal ponto que o Governo do Líbano teve que pedir á O.N.U. a interposição das suas forças nessas aldeias e de enviar forças regulares para proteger as poucas aldeias Cristãs que se mantiveram no sul do Líbano, expulsando os seus vizinhos Xiias, pois o restante sul foi evadido e ocupado pelos Xiias que estavam sobre o controle do Hizbollah, ficando com a terra e as casas dos Cristãos e Drusos que acompanharam a retirada Israelita. Estes actualmente são representados na Assembleia por três forças políticas os Falangistas (antigos membros da Milícia Cristã e conservadores cristãos) os nacionalistas de direita da Frente Libanesa e os moderados do Partido Nacional Liberal.

Estes formam com os Sunnis e Drusos a espinha dorsal do Exercito Libanês, aquele que o Hizbollah diz que não tem competência ou legitimidade para proteger o Líbano de Israel.

Quanto aos Sunnis são 20% da população do Líbano e organizaram-se durante a Guerra Civil do Líbano numa milícia a Al-Morabitun (al-murabitūn) que quer dizer literalmente “As Sentinelas” numa primeira fase estas milícias tinham Cristãos e Drusos quando participavam no Movimento Nacional Libanês (e eram pró palestinianos) embora fossem compostas maioritariamente por Sunnis, travando numa primeira fase combates contra os Cristãos (isto na primeira fase da Guerra Civil Libanesa em 1976) e sendo aliados dos Xiias do Partido Amal e os Combatentes Milicianos do Partido Socialista Progressista mais tarde nas Guerras dos Campos (depois Maio de 1985 e da Invasão Israelita do Sul do Líbano em 1986) foram aniquilados pois tomaram o partido da O.L.P., tanto os Drusos, os Xiias do Partido Amal e a Milícia do Partido Socialista Progressista (é preciso compreender que a Síria estava nessa altura contra a O.L.P. tal como a União Soviética) bem como os seus antigos inimigos os Cristãos acabaram com a sua existência, nem sequer o Hizbollah (movimento que ficou ao lado da O.L.P.) se moveu para os proteger, desde então que se afastaram das Guerras que os Xiias e os Cristãos têm entre si e não entrariam em combates contra Israel pois embora o condenem (pela invasão da Palestina) preferem manter-se á parte dessas lutas, muitos deles emigraram para a América do Sul (Brasil e Argentina), Africa (Angola, Moçambique e Africa do Sul) e para a Europa (Alemanha e Reino Unido) sendo que as suas aldeias e bairros citadinos são caracterizados por boas casas devido á riqueza económica que adquiriam no estrangeiro, têm dois movimentos que os representam na Assembleia o Renascimento Árabe Socialista (esmagadoramente maioritário) e a Jihad Islâmica (extremista e pró palestiniano e que é o braço deste partido tanto dentro dos Palestinianos como dentro dos Libaneses Sírios).

Como podemos ver e fazendo as contas por alto temos que só cerca de 35% da população libanesa é pró Hizbollah (isso tendo em conta que os Xiias do Partido Amal os apoiam nesta luta, o que não é claro) e a manutenção de uma Guerra contra Israel. Por estes motivos é que o beligerante não é o Estado do Líbano mas um movimento radical Xiia Duodecimanico e estes, os Israelitas, não atacaram o Exercito Regular Libanês mas só a Milícia do Hizbollah, pois nem um só avião militar foi destruído (e em 40 dias de conflito nenhum levantou para fazer frente aos aviões israelitas!!!) nem um só Navio de Guerra das Bases Navais do Norte do Líbano foram destruídos (pois os do sul foram desviados com essa intenção rapidamente neutralizada) nem nenhum quartel bombardeado, sendo que no prazo de um dia, 15.000 militares libaneses foram deslocados para o sul do Líbano e nem um só entrou em confronto com as forças Israelitas que saíram em uma semana.

2 Comments:

Blogger augustoM said...

Estou a ver que regressaste de férias e em força. Li com atenção os três textos sobre a guerra no Líbano, ou melhor o desmantelamento do Hizbollah, como força política representativa. Na minha opinião o problema não se pode por de maneira tão lenear, para cada um dos beligerantes, mas teremos oportunidade de voltar a conversar, as inscrições para o próximo jantar, já estão abertas.
Um abraço. Augusto

7/9/06 14:20  
Blogger Macillum said...

Segundo reza a Bíblia, os hebreus (de onde vieram os israelitas), depois de fugir da escravidão do Egípto, andaram 40 anos no deserto, sem nação, destruindo as cidades que encontravam, a mando de "Deus?". Chegaram à terra prometida, esta era ocupada por gigantes e descendentes dos gigantes: foi tudo morto, as cidades destruidas: assim nasceu a primeira nação israelita.
Mais tarde, quis o destino que aquele a quem muitos passaram a chamar de Salvador, Jesus Cristo, vièsse a nascer no seio deste povo. O culto a este homem complicou o império romano, o qual expulsou os judeos da sua terra, criando a Palestina para retirar-lhes qualquer ideia de retorno.
Ora, passados mais de 1500 anos vem uns tais que se dizem judeus entrar pelo território dentro, a chacinar, reclamando desta forma uma terra perdida há tanto tempo? Mesmo que os invasores fossem mesmo judeos, que culpa tinham aqueles que lá moravam por aquilo que outros fizeram há mais de 15 séculos?
Quer dizer, a influência destes tais que se disseram judeus e que invadiram a Palestina, criando o Estado de Israel, é tal, que (para além do incontestável apoio dos E.U.A.) o selo oficial dos E.U.A. possui, por cima da cabeça da águia, uma estrela dos judeos formada por treze estrelas. Digam lá o que disserem, a desculpa inicial para esta invasão não segue a lógica do coração, nem da razão.
Por outro lado, o facto de uns países do Médio Oriente serem militarmente abastecidos pelos E.U.A. e outros pela U.R.S.S., nada mais é do que o resultado de um plano que ganha vida em Adam Weishaupt de desenvolver o capitalismo. Este plano passa pelas mãos de Marx, com "O Capital", o que veio dar a entender que o marxismo e o capitalismo continham, em si, objectivos diferentes, quando, na verdade, ambos foram criados por incentivo da mesma fonte, destinados para o mesmo fim: desenvolver um estado hegeliano em que as duas partes entrassem em convulsão, sintetizando-se na nova ordem maçónica mundial. Por isso, uma pessoa como o actor que menciona diz uma coisa daquelas, não deve andar assim tanto a dormir.

8/9/06 17:12  

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