7.12.2007
"Um livro recente, já citado nesta coluna (”The Disposable American”, de Louis Uchitelle), descreve, com detalhe, as consequências sociológicas, psicológicas e económicas da prática obsessiva da “gestão por despedimentos” nos Estados Unidos - país onde, até ao início dos anos noventa, dominava ainda a preocupação de promover (também legalmente) a segurança do emprego. E o quadro que se descobre é aterrador. Mesmo em casos benignos – como a saída por acordo, com boas compensações em dinheiro – , a perda do emprego tem um impacto moral inapagável. Ainda que surja logo novo emprego – o que, nos Estados Unidos, significa muitas vezes baixar de nível de vida – , a marca não desaparece. A perda de auto-estima está consumada. No fundo de cada um, instala-se o sentimento de ter sido rejeitado, considerado incapaz ou menos valioso. Uma parte do potencial que o trabalhador despedido tinha esvai-se no processo. Quer pelo lado da depressão, quer pelo da violência, a saúde mental corre riscos. Isto, claro, lá longe, nos Estados Unidos."
Extracto de artigo do Prof. António Monteiro Fernandes, docente no I.S.C.T.E. e publicado no Diário Económico de 09/07/07.
1 Comments:
O extracto deste trabalho é muito oportuno e pena é que não seja mais conhecido. É através da profissão que um indivíduo se realiza, adquire um rosto e uma identidade: "Como se chama? O que faz?" São as cartas de apresentação. Além das consequências na gestão do orçamento familiar a perda de emprego traz danos irreparáveis na maior parte dos casos. Estas políticas neo-liberais estão a destruir as capacidades e potencialidades humanas e vão trazer consequências profundas no curto/médio prazo.
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