Os crucifixos que estavam nas salas de aulas das escolas do primeiro ciclo de Parreira e Semideiro foram retiradas pela câmara municipal e vão estar para venda no leilão do município no sábado. O da escola da Parreira foi retirado pelo próprio presidente do município, Sérgio Carrinho (CDU), responsável pelos leilões municipais. Estas eram das poucas escolas da região que ainda mantinham os símbolos religiosos, cuja retirada tinha sido determinada pelo Ministério da Educação no caso de haver queixas. O autarca diz que no dia da votação para o referendo ao aborto, no dia 11 de Fevereiro, em visita às assembleias de voto, reparou que a cruz estava no local e retirou-a. E que a do Semideiro, a última que resistia no concelho, foi retirada há uma semana.
Sérgio Carrinho explica que os símbolos religiosos não devem estar expostos nos serviços públicos por estarmos num Estado laico. “Isto não tem nada a ver com convicções pessoais do presidente ou dos vereadores”, argumenta. Sobre a venda destas duas cruzes e outras duas que já estavam à guarda da autarquia, o presidente sublinha que isso faz parte de uma estratégia que tem vindo a ser seguida. “Temos aproveitado o material antigo das escolas, como mapas, equipamento que já não se usa, para vender”, realça. O leilão do município decorre sábado a partir das 10h30 no Edifício Lagar.
Algumas escolas continuam a manter o símbolo do cristianismo na parede, como acontece na escola do primeiro ciclo de Vale do Paraíso, concelho de Azambuja. Há um ano O MIRANTE fez uma reportagem no local, tendo a então vice-presidente do agrupamento de escolas Vale-Aveiras, Margarida Relêgo, justificado que a cruz nunca foi retirada porque nunca ninguém fez pressão nesse sentido. A professora recordou que quando as escolas eram construídas o crucifixo fazia parte do equipamento que lhes era distribuído.
As escolas do país começaram a retirar os crucifixos depois de uma polémica que estalou em Novembro de 2005, quando a Associação República e Laicidade protestou contra o facto de num Estado laico se manterem símbolos religiosos em edifícios públicos.