12.08.2005
Em primeiro lugar, o nacionalismo crê e faz crêr no carácter único das suas características. Uma nação acredita na originalidade e na unidade dos seus traços constituintes - sociais, culturais, e até biológicos.
Em segundo lugar, a nação promove o isolacionismo, levado até ao ponto da autosuficiência nos mais diversos domínios. Tal isolacionismo é também transferido para o passado, fazendo crêr na sua antiguidade histórica como legitimação da construção nacional.
Em terceiro lugar, a nação promove o geocentrismo, fazendo uma comunidade crêr que se encontra no centro do cosmos, e que o resto do mundo gira na sua periferia.
Em quarto lugar, a nação é concebida em termos de sociabilidade horizontal, onde a hierarquia de poder e de prestígio são supostos não existir - sendo substituída por uma profunda camaradagem capaz de gerar e albergar sentimentos e emoções de grupo muito significativos.
Em quinto lugar, os sinais de nação manifestam-se a grupos específicos intra-nacionais como réplicas deles próprios. Os diversos grupos intranacionais são capazes de reconhecer a sua própria identidade através de muitos dos traços constituintes da materialização do nacionalismo.
Em sexto lugar, o nacionalismo afirma a bondade e generosidade do povo, até mesmo a sua ingenuidade. São pronunciados juízos de valor auto-referenciais, sempre positivos, e moralmente estruturantes.
Finalmente, em sétimo lugar, o nacionalismo promove o anonimato e recusa o individualismo em prol do mito do esforço e da criação colectivos. O exemplo mais evidente são os túmulos dos soldados desconhecidos, um dos emblemas mais poderosos dos nacionalismos.
João Soeiro de Carvalho
PS – Retirado integralmente deste post: Nacionalismo.
7 Comments:
Se concordarmos com as noções de Nacionalismo de João Soeiro de Carvalho, assentuadamente tendenciosas, como devemos definir uma nação?
Um abraço. Augusto
Ha aqui algumas confusoes nesta nocao de nacionalismo, nao ha? O que me choca mais e' que se equivale nacionalismo a chauvinismo, pontos 1 a 3. O nacionalismo tem maior variabilidade historica e cultural do que e' assumido aqui. Penso no caso irlandes em que a narrativa nacional nao e nem epica nem auto-congratulatoria mas forjada da experiencia do dominio britanico sobre o pais. Neste caso muitas das caracteristicas imputadas pelo JSC nao se verificam.
Tambem nao me parece que o Portugal pos-25 de Abril que tem nao e ignorante de nacionalidade se baseie nos mitos antigos do Estado Novo, acho que os dispensa, espero que os dispense... Parece-me melhor falar de identidades culturais que dao espaco a que se considere muitas nacoes dentro de uma nacao, ou uma mesma nacao entre varias. Afinal e so por causa da identidade cultural que este tema interessa. Isso e porque os estados-nacao ainda existem, mesmo apos erosao das suas mitologias...
Abraco....
não será o nacionalismo nos dias de hoje uma utopia?
Ali - linkado na Linha de Cabotagem.
....de facto Pátrias "puras" não existem....existe o conceito. e nós que o fazemos e desfazemos. Boa tarde.
Vim desejar-te uma boa semana.
Ambientalistas da Amadora - Blog
http://ambientalistasdaamadora.blogspot.com/
Considerem colocar um link.
Obrigada.
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