O OUTRO LADO DA MOEDA!!!

10.22.2005

III Reflexões pós eleitorais ás Autárquicas 2005

Quando analisamos os resultados a frio, duas semanas depois, tiramos três conclusões que são indiscutíveis e que se podem tirar de quaisquer outras eleições locais, municipais ou comunais realizadas noutro qualquer país ou território deste planeta, a saber:
Nas autarquias locais ou comunais os cidadãos eleitores escolhem essencialmente as pessoas, tendo as políticas nacionais governamentais uma influência marginal, mas não desmesurável em alguns centros urbanos, nomeadamente os centros urbanos próximos dos centros de poder ou com áreas urbanas concentradas;
Por razões diversas a abstenção diminui de forma clara, esta só aumenta ou se mantém por factores puramente locais que normalmente são desligados dos factores abstencionistas a nível de uma eleição nacional ou federal, de entre outras temos, o facto de o candidato local apresentado não ser suficientemente mobilizador, os cidadãos não se sentirem motivados pelos programas apresentados, o facto dos cadernos eleitorais não estarem actualizados e muitos cidadãos não residirem no local onde estão recenseados e por esse motivo não sentirem que o seu voto contribuirá para melhorar o sitio onde vivem (passa-se muito mais isto na Europa do que podemos imaginar) e por fim o descrédito que o poder local possa ter com as politicas até agora desenvolvidas;
Por ultimo a conclusão que, independentemente da maior ou menor identificação com o cidadão escolhido ou a abstenção existente, á sensação que as autarquias locais, municipais ou comunais fazem mais pelos cidadãos do que quaisquer outras politicas governamentais realizadas a nível central, podendo-se explicar este fenómeno pela proximidade entre os eleitos e os eleitores e pelo facto de em muitos países este poder ser menorizado em termos de tomada de decisões em termos ficais ou de politicas de segurança pública (por exemplo na América do Norte esta é uma função essencialmente local) o que cria a sensação que as autarquias apenas dão ou criam condições e fazem coisas essencialmente positivas (mesmo as acções negativas são vistas como a realização de alguma coisa) em oposição ao governo central que é muitas vezes o que anuncia as medidas mais negativas (como o aumento de impostos ou as restrições salariais ou de apoio ao investimento ou á sua criação).

No fundo o poder ser mais próximo cria vários factores, mesmo havendo factores que já aqui referimos que podem deturpar os apresentados, resumidamente e com alguma dose de garantia de que serão inquestionáveis, o poder local, comunal ou municipal:
Investe melhor o dinheiro que lhe é dado pois há um controlo por parte dos cidadãos mais próximo, sendo maior a probabilidade de alguém que não o faça não ficar muito tempo a ocupar os lugares em que exerce o seu poder;
Há uma maior proximidade entre os cidadãos eleitores e os eleitos havendo por esse motivo uma maior identificação;
A descredibilização política é menor pois sente-se que há uma maior possibilidade tanto de controlo como de denúncia dos actos com que não se concorda.

Por esse motivo quando se fala de reforma do sistema eleitoral e da aproximação dos cidadãos eleitos aos eleitores, estar a pensar-se macropoliticamente sem se ter em conta estes factores micro políticos é tentar pensar-se no todo sem se preocupar por parte importante do mesmo todo que se pretende resolver, reflectir sobre este aspecto é por esse motivo fundamental, utilizando um slogan que já esteve muito em voga (não percebo porque desapareceu), temos que “agir localmente para pensarmos globalmente e pensar local para agir global”.

1 Comments:

Blogger augustoM said...

Concordo plenamente com a tua definição de poder local, só que na prática, muitas vezes, o ideal não corresponde ao real.
A reforma do sistema eleitoral não ponho em causa, mas o mais importante para mim, que se prende com a veracidade da própria Democracia, é a fiscalização institucionalizada do cumprimento dos pogramas eleitorais.
É aqui que reside o calcanhares de Aquiles da Democracia, que sem tal fiscalização, as campanhas eleitorais, ao invés de serem a apresentação de um honesto pograma de governo não passam de um jogo de sedução.
By the way o meu nome não é Fernando mas Augusto.
Um abraço.

22/10/05 21:57  

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