Homenagens Filatélicas
Com a celebração dos 100 anos do nascimento de Rómulo de Carvalho, celebra-se a Pedagogia e a Poesia, o autor da Pedra Filosofal é homenageado pelo seu nome de facto, pois escrevia sob o pseudónimo de António Gedeão. Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (1906-1997) este professor, pedagogo, investigador, historiador da ciência e poeta sob o nome António Gedeão, foi um homem de saberes múltiplos e de humor subtil. Grande comunicador, era avesso a mostrar-se, preferindo a discrição. Criança precoce, escreveu os primeiros poemas aos cinco anos e aos dez decide completar Os Lusíadas, de Camões. Apesar desta inclinação para as letras, era um entusiasta das ciências, licenciando-se em Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, tendo começado a leccionar no ensino secundário. Docente ao longo de 40 anos, deixa uma marca impressiva nos sucessivos alunos que vão aprendendo nas suas aulas. Como dizia: ser professor tem de ser uma paixão, pode ser uma paixão fria, mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. Um apego que se projectou numa ampla difusão científica através da colecção Ciência Para Gente Nova e de outras obras em que sobressai a Física Para o Povo. Só aos 50 anos publica o primeiro livro de poemas, Movimento Perpétuo, mas como sendo da autoria de António Gedeão. A obra é bem recebida pela crítica e Gedeão continua a publicar poesia e, mais tarde, teatro, ensaio e ficção. Torna-se amplamente conhecido, quando Manuel Freire musica e canta o seu poema Pedra Filosofal, que se torna num hino à liberdade e ao sonho.
A homenagem a Fernando Lopes Graça é, também, uma homenagem à Música do nosso país e a este que é considerado um dos maiores compositores europeus deste século. Fernando Lopes-Graça (1906-1994) que foi músico e compositor, foi uma figura marcante do séc. XX português do ponto de vista cultural e da intervenção cívica. Nasceu em Tomar, onde iniciou os estudos de piano que prosseguiu em Lisboa, ingressando no Conservatório Nacional. Em 1931 termina o Curso Superior de Composição com a mais alta distinção e é o 1º classificado para o lugar de professor de Piano e Solfejo da instituição. Mas não toma posse porque é preso e desterrado para Alpiarça. Depois de uma estada de dois anos em Paris (1937-39), onde estuda Composição e Orquestração com Koechlin, regressa a Portugal e embrenha-se em intensa actividade como compositor, pianista, crítico teatral em O Diabo e musical em Seara Nova. Nessas crónicas perpassa o seu bom humor. Organiza coros de amadores de música, escreve canções originais e harmoniza canções populares portuguesas, trabalhando sobre elementos harmónicos, melódicos e rítmicos do folclore português. Em 1941 inicia o seu magistério na Academia de Amadores de Música. Agora o compositor e intérprete pode preservar a sua independência de espírito contra o statu quo vigente. Mais tarde dirá: A Academia é o meu lar musical. Quando morreu, aos 88 anos, deixou uma vasta obra em que sobressaem composições destinadas ao piano, à voz com acompanhamento de piano e a agrupamentos de câmara.
Trazendo Humberto Delgado para o presente difundimos um passo capital da nossa História recente e prestamos um tributo à História da Aviação e à Política no seu todo, a fotografia em fundo é o célebre banho de multidão que este leva em Lisboa. Humberto da Silva Delgado (1906-1965) que ingressou na carreira militar, concluiu os cursos de Artilharia (1925), de Piloto-Aviador (1928) e de Estado-Maior (1936). Foi promovido a brigadeiro aos 46 anos e a general no ano seguinte, sendo o mais novo da sua geração. Integrou a delegação portuguesa nos acordos com o Reino Unido para a concessão de bases nos Açores (1941-1943). Nomeado director-geral da Aeronáutica Civil, funda, em 1945, os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e cria as primeiras linhas aéreas de ligação com Angola e Moçambique. Em 1952 foi nomeado adido militar em Washington e membro do comité da NATO. Recebeu a Ordem do Império Britânico e o grau de oficial da Legião de Mérito dos Estados Unidos. Em 1958 candidatou-se, pela oposição democrática, à Presidência da República, dando origem ao que ficou conhecido como o furacão Delgado. Recebeu por todo o país um entusiástico apoio popular, mas os resultados oficiais atribuem-lhe a derrota que nunca aceitou. Demitido das forças armadas, pediu asilo político na embaixada do Brasil, país de onde encabeçou um movimento de oposição ao governo, congregando inúmeros exilados políticos. Em 1961, o general sem medo foi assassinado por um comando da PIDE, em Badajoz (Espanha), vítima de uma cilada cuidadosamente preparada.
Ao lembrar Thomaz de Mello, são as Artes e o Design que serão aqui também recordadas. Tomás José de Melo (1906-1990) foi pintor, desenhador, gravador, ilustrador e decorador que assinava Tom. Dedicou-se à publicidade, fez cartões para tapeçarias, vidros, cerâmica e ourivesaria, cultivou a aguarela e o desenho. Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, mas residiu tanto tempo em Portugal e tamanha foi a sua participação nas artes plásticas que foi adoptado pelo país de que os seus antepassados eram originários. Descendente de uma família nobre portuguesa, chegou a Portugal em 1926 e aqui se instalou definitivamente. Caricaturista com vários álbuns publicados, colaborador de jornais infantis, como O Papagaio, em que deixou uma marca inovadora, distinguiu-se ainda como grafista e decorador. Integrou desde 1937 a equipa do Secretariado Nacional da Informação (S.N.I.) nas exposições internacionais de Paris e Nova Iorque bem como na do Mundo Português, realizada em Lisboa em 1940. Sobre a sua pintura escreveu o crítico Fernando de Pamplona: Usando de formas sintéticas e de traço grosso e espontâneo, quando não num geometrismo sem arestas vivas, representa, com uma nota de melancolia, trechos do velho casario e tipos populares, de preferência da beira-mar (Nazaré, Póvoa, Figueira) e, bem assim, da charneca alentejana, a que imprime, por vezes, cunho ilustrativo. Foi autor de diversas emissões filatélicas dos C.T.T. Correios de Portugal.
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