O OUTRO LADO DA MOEDA!!!

8.29.2005

A minha pátria...não é...a língua portuguesa...mas quase...

Há uma expressão de Fernando Pessoa que agora está muito na moda utilizar: “A minha pátria é a língua Portuguesa...”, modismos á parte, aproveito-a para referir que a minha pátria não será, com certeza, a língua portuguesa, mas sim e acima de tudo, a minha única pátria será o Planeta Terra, que inclui mais de 6.000 línguas e se quisesse reduzir o espaço geográfico pátrio, reduzira-o intermediariamente para o Continente Europeu e se quisessem que eu fosse mais especifico para a Região de Lisboa e Setúbal.

É verdade que não me enquadro, nem sequer faço esse esforço, por encarar o mundo como a maioria dos cidadãos deste planeta, acho fastidioso ter o pensamento “bitola cinco”, prefiro pensar como será o futuro deste, e actualmente infeliz e deprimido, planeta, pois estamos condenados a entendermo-nos e a pensar globalmente e a agir localmente (outra frase na moda).

Mas a Língua Portuguesa, pelo menos a que é falada com o sotaque ou maneirismo de Lisboa, é parte da minha pátria, daquela especifica e territorialmente mais limitada, e eu convivo sem nenhum problema com esse facto pois foi uma das poucas coisas que os nossos antepassados nos legaram de bom, o Português Lisboeta, é uma língua fantástica.

Ela é um sucedâneo do Indo-europeu e Latinico Galaico-Português e tem grandes influências Árabes e Francesas. Quem falar Português Lisboeta (este tem vindo-se a impor como o Português padrão das outras regiões, do espaço geográfico, que hoje damos o nome de Portugal, que é governado colonialmente pela Região de Lisboa e Setúbal) fala á vontade mais duas ou três línguas, é só preciso aprendermos os rudimentos gramaticais do Castelhano e do Francês Parisiense e facilmente nos adaptamos e falamos estas duas línguas, o Catalão e o Ocitano (Provençal seria mais conhecido, mas a língua de Oc, falada no sul e sudeste do actual espaço geográfico, que hoje damos o nome de França, é mais correctamente denominada com a língua Ocitana) são claros sucedâneos (ou talvez o Português Lisboeta seja destes) e ao os ouvirmos não precisamos de descodificar as frases para as entendermos, o Galego é a nossa língua “irmã” (basta tirarmos o “x” das palavras e darmos o desconto de se escrever gramaticalmente igual á Castelhana) e quanto ao Italiano de Roma e ao Romeno de Bucareste, se estivermos com bastante atenção, vimos que percebemos partes ou frases inteiras sem as contextualizar-mos, ou seja, com este instrumento somos facilmente e potencialmente e em termos linguisticos os cidadãos, que entendemos e conseguimos falar mais línguas, deste planeta pátrio.

Então porquê esta obsessão estúpida e incompreensível pelo Inglês, ao ponto de metermos as crianças, como se de uma lavagem cerebral se tratasse, a aprender essa língua básica e estúpida, que daqui a uns anos será apenas uma memória histórica da época Impérios Geopolíticos dos séculos XIX, XX e XXI, a par com o Francês, Russo e o Chinês.

Normalmente para justificar estas atitudes, são utilizados alguns argumentos ridículos, a saber e por exemplo:
De que é a língua universalmente utilizada nas Relações Internacionais de hoje em dia, é uma inverdade tal facto, a maioria das cimeiras, nomeadamente as não cientificas e económicas, tem como língua majoritária outras línguas, que não Inglês, vejamos na União Europeia, fala-se totalmente todas as línguas nacionais (e as conversas de corredor e informais são na maior parte das vezes em Francês – Tony Blair gosta de mostrar que é fluente em Francês – e o Alemão – os representantes dos países de Leste falam quase sempre em Alemão), na ONU e nas suas Organizações anexas e Agências Especializadas (podemos excluir o F.M.I. e o Banco Mundial dessa lista, porque será!!!) á cerca de dez línguas oficiais de trabalho (em que desde á pouco tempo se incluiu o Português), na Organização dos Estados Americanos a língua majoritária é o Espanhol (com quatro línguas oficiais, para além do Espanhol, a saber: o Português carioca, o Inglês Americano e o Francês Antilhano), tal como Francês o é na Organização de Unidade Africana (que tem quatro línguas oficiais, a saber, o Árabe Magrebino, o Inglês, o Francês Parisiense e o Português de Luanda) bem como se poderia dar inúmeros outros exemplos;
Outro argumento é o facto, tido como verdadeiro, de o Inglês ser a língua mais falada do mundo, é pois claramente um erro assumir tal facto, pois este argumento será facilmente rebatido, diante dos números reais de que 800 milhões de pessoas falarem o Han (ou Chinês padronizado Moderno, pois na China nem toda a gente fala o Han, cerca de 200 milhões de pessoas falam, entre outras línguas. o Cantonês, o Tibetano, o Turquemene, Mongólico ou o Mandarim de Xigiang, embora a maioria da população do espaço geográfico a que chama-mos China, a entenda ou utilize como língua secundária) ou o Indi com cerca de 600 milhões de falantes (a primeira língua da Índia, que em 2050 será o país mais populoso do mundo, com 1 Bilião e 400 milhões de habitantes) e nem por isso desatamos todos a aprender estas línguas, o Inglês pode ser comparado ao Castelhano (com os vários sotaques e maneirismos), tendo o Inglês menos falantes que esta língua, ou ao Português (com os vários sotaques e maneirismos), como uma língua europeia amplamente utilizada em várias partes do mundo.

A importância que os diversos países dão ao Inglês, tem unicamente a ver com um modismo ou uma subserviência inaceitável a um actual Império Geopolítico unilateral e transitório dos Estados Unidos da América em termos políticos, militares e em algumas partes do mundo, cultural.

O futuro será com certeza diferente, a ideia do multilinguismo é uma ideia que se está a impor naturalmente, a União Europeia é claramente um espaço multilingue, em Bruxelas, a capital da Europa, não precisamos apenas e só do Inglês, podemos usar todas as línguas da Europa, mas á quem queira acabar com esta característica, alegando custos orçamentais elevadíssimos do funcionamento de tal sistema, mas a verificar-se, o que acho que seria pouco provável (pois a língua mais do que as fronteiras e a moeda mexe com susceptibilidades que vão para além do nacionalismo ou patriotismo), seria para a manutenção de pelo menos dez línguas de trabalho.

As recentes noticias de que na Estremadura espanhola a língua estrangeira mais escolhida será a breve trecho o Português Lisboeta, tal como já o é na Galiza, e que do outro lado da fronteira, cada vez e ainda bem, mais pessoas aprendem o Castelhano Madrileno parece um facto mais que relevante para ambos os países (que fazem tantas coisas erradas) pelo menos começarem a acertar numa defesa comum das duas línguas a nível planetário deixando nas diversas regiões governadas por Madrid e províncias castelhanas ou pela Região de Lisboa e Setúbal, que se desenvolvam os diversos dialectos e línguas regionais (nós, os Lisboetas governamos um espaço com o Mirandês, o Barranquenho e os vários Maneirismos regionais), defendendo assim o multinlinguismo sem qualquer pretensão colonialista de imposição de língua.
Por esse motivo é redutora a lavagem cerebral que nos pretendem impor, a língua é quase a nossa Mátria, pois é um dos elementos naturais desta e a ela vamos buscar parte do nosso suporte cultural primário, e é redutor acabar com este em nome de um transitório, e cada vez mais perto do fim, Império geopolítico unilateral dos Estados Unidos da América.