O OUTRO LADO DA MOEDA!!!

8.22.2005

A laicidade aparente...

Nunca se sentiu tanto que o poder de uma minoria oprime o poder de uma maioria, vejamos, segundo números da própria Igreja Católica Romana, no seu Inquérito feito em 2001 sobre a Prática Dominical no Patriarcado de Lisboa os praticantes (segundo o Inquérito Permanente às Atitudes Sociais dos Portugueses ou ASP, que decorreu entre Abril e Julho de 1998) regulares e irregulares (aqueles que vão à missa algumas vezes por mês) representavam então cerca de 45% da população residente neste país, os restantes por muito que lamentavelmente o Patriarcado deseje são pessoas á muito afastadas da fé, mas mais da Igreja Católica Apostólica Romana, e do que esta representa, se bem que o número de praticantes efectivos apurados nos locais de culto, na demarcação territorial Patriarcal de Lisboa era só de cerca de 11% da população residente, disparidade forte e que não deixa de ter significado, em relação ao todo nacional.

Pois bem o que sentimos, na Área Urbana de Lisboa, é que a minoria governa a maioria, isso mesmo no máximo cerca de 45% da população (na versão optimista) governa os restantes 55%, ou seja por omissão uma significativa parte dos cidadãos deste país, fica nas mãos de uma minoria retrograda, mas se vivêssemos num Estado Regional de Lisboa e Setúbal essa minoria seria apenas de 11%, tenho por esse motivo que me resignar á ideia que vivemos num país em que em largas zonas fora desta área urbana, a que chamo minha pátria, é retrograda, pequena e conservadora e apoia a manutenção do “status quo” em que vivemos.

Na Região Autónoma da Madeira (acho a designação particularmente feliz), onde um povo ignorante elege á largos anos, ajudado pela mão fiel do clero Católico Apostólico Romano, um político populista, de seu nome Alberto João Jardim, inaugurou-se no dia 15 de Agosto ultimo uma estátua, do Beato Carlos da Áustria, para que esse facto se verificasse o Governo Regional envolveu-se directamente na beatificação de tal personagem, os fins invocados serão os turísticos, não obstante o facto transformou declaradamente tal ilha num estado regional confessional, algo que já estava em marcha á muito tempo, quem não se lembra da protecção dada ao clero católico a quando do julgamento do Padre Frederico, a campanha ás portas das Igrejas do caudilho que governa aquela região, os apoios directos á manutenção das igrejas, a influência desmedida do Bispo do Funchal sobre o Governo e a sua permanente presença em todos os actos oficiais, sendo equiparado a um ministro, ou as constantes afirmações de teor beato com o forte cunho católico apostólico romano do caudilho governante.

A Igreja católica apostólica romana tem desse modo, na Região Autónoma da Madeira, e a par com a Polónia e a Irlanda os únicos estados claramente confessionais Católicos Apostólicos Romanos da Europa (também existem os confessionais protestantes como o que resta do império Inglês nas Ilhas Britânicas, a Noruega ou a Suécia, três ditaduras mascaradas de constitucionais), temos por esse motivo que estar atentos, nós que defendemos a laicização do estado, para as tentativas constantes da parte da Cúria Católica Apostólica Romana, fortemente enfeudada na Opus Dei (notou-se claramente, com a etronização do ultimo ditador governante do catolicismo apostólico romano, que tanto os Jesuítas como os Dominicanos e os Franciscanos, perderam o controle do Papado) para tornar os países com fortes minorias católicas em estados confessionais.

Resta-me o consolo das sucessivas derrotas, do Catolicismo Apostólico Romano e das suas tentativas de confessionalização estadual com a perca de influência generalizada no poder político da América Central e do Sul, a derrota do Governo Regional Açores, fortemente influenciado pela Opus Dei, as sucessivas derrotas dos governos nacionalistas católicos da Croácia e dos governos tutelados pela Opus Dei de José Maria Aznar e de Santana Lopes, ou a derrota sucessiva dos diplomas conservadores católicos nos governos da aliança de direita Francesa, com reforço do laicismo, e a vanguarda destes na defesa de uma Constituição Europeia não confessional, conjuntamente com a Bélgica e a Holanda, não esquecendo a vergonhosa actuação dos dois países Ibéricos ao defenderem o contrário.

Mas não baixemos os braços, descurar as defesas diante de alguém que pôs á frente do Papado, o ex-cardeal protector das doutrinas retrogradas do Vaticano e censor das atitudes mais conciliatórias da parte da Religião Católica Apostólica Romana, este papa, ex-nazi e membro das fanáticas forças antiaéreas do III Reich alemão, tenta-se promover como um amante da Paz, mas fundamenta-se numa aliança de conservadores das várias religiões (os protestantes puritanos americanos, as diferentes ortodoxias cristãs do leste, os ortodoxos judeus ou as ditaduras fundamentalistas do islão e no seu clero) para tentar através de uma divisão de áreas de influência e tentando nas diversas conferências das Nações Unidas, impor as suas visões retrogradas, e conseguindo-o em algumas delas, por exemplo na da SIDA, em que conseguiu que o preservativo não fosse uma das armas generalizadas nessa luta e influir nas decisões finais.
Só quando o “estado” do Vaticano, essa “coisa” internacional (que nem se pode chamar de estado), desaparecer e deixar de ter assento (mesmo e só como observador) na Assembleia Geral e nas conferências Internacionais desta, é que deixaremos de viver sob a égide e o perigo constante de uma confessionalização do mundo, ao contrário do que pensamos o fundamentalismo islamita é algo identificado e com tendência para regredir, o fundamentalismo católico apostólico romano, ortodoxo cristão, puritano anglo-saxónico e ortodoxo judeu move-se pela obscuridade do desconhecimento e do adormecimento da generalidade das pessoas e governos face ao perigo que estes representam.

Nos últimos tempos várias batalhas foram ganhas e muitas perdidas, estamos a prepararmo-nos para outras, que com certeza irão ter influência na decisão sobre o futuro pela laicização deste planeta, os que defendem a Laicização do estado tem que se organizar e unir, e estão a fazê-lo, cabe a cada um de nós fazer a nossa parte, tal como faço a minha parte denunciando as situações e sendo activista em várias lutas, espero que também TU faças a tua...